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CASE: ALEXANDRIA OCASIO-CORTEZ

Em 2018, os Estados Unidos e o cenário político foram agitados por um furacão chamado Alexandria Ocasio-Cortez. Uma jovem latina, de 28 anos, de origem humilde, posicionada à esquerda e progressista, que superou todas as expectativas e se elegeu como a congressista mais jovem da história dos Estados Unidos.

Mas como isso aconteceu? Vou te contar.

O Início

Filha de pais porto-riquenhos, Ocasio-Cortez cresceu no Bronx, um subúrbio de Nova Iorque. Criada em uma família de baixa renda, ela testemunhou todas as dificuldades de seu bairro desde cedo.

No entanto, desde jovem, ela reconhecia que a política era fundamental para mudar a realidade de sua região.

Em 2008, aos 19 anos, participou da campanha revolucionária de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos. A partir daí, sempre esteve envolvida nas atividades políticas da ala mais progressista do Partido Democrata.

Em 2009, enquanto cursava bioquímica, começou a trabalhar no gabinete do senador democrata de Massachusetts, Ted Kennedy.

Mas foi em 2016 que tomou a decisão de participar mais ativamente da política. Com o início das primárias americanas (um processo eleitoral interno dos partidos, onde um nome é escolhido), Ocasio se jogou na campanha de Bernie Sanders, que teve como adversária e vencedora, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Hillary Clinton.

A liderança de Ocasio-Cortez chamou a atenção. O comitê político que ela montou para apoiar Bernie no Bronx passou a atrair grupos como Black Lives Matter, ambientalistas e ativistas LGBTQIAP+.

Com o início de um novo ciclo político em 2018, Ocasio-Cortez emergiu como candidata ao Congresso. No entanto, a falta de recursos e uma equipe especializada eram obstáculos significativos. Nesse momento, Ocasio-Cortez voltou a trabalhar como garçonete em uma lanchonete de comida mexicana.

Foi então que os apoiadores de Bernie Sanders criaram o “Brand New Congress” (Congresso Totalmente Novo). Esse projeto financiou candidatos para as eleições de meio de mandato presidencial, conhecidas como “midterms”, que escolhem parte dos representantes do Congresso, além de outros cargos locais.

Com esse apoio, superar a concorrência dentro do próprio partido era desafiador. Ela enfrentou Joseph Crowley, um político experiente, com amplos recursos financeiros e várias reeleições no currículo.

No entanto, Ocasio-Cortez, com sua simpatia, valores e conceitos claros, rapidamente conquistou o apoio de grupos ativistas importantes. Ela derrotou Crowley nas primárias, conquistando 57,13% dos votos e garantindo sua vaga na disputa direta pelo assento no Congresso.

As midterms

Na eleição direta contra o republicano Anthony Pappas, um conservador de 72 anos, Ocasio-Cortez inovou em sua campanha. Com um visual alegre, que fugia do tradicional azul e branco com estrelas, ela adotou frases em inglês e espanhol em toda a sua comunicação, algo pioneiro na época. Nenhum político havia feito uma campanha bilíngue dessa maneira.

E toda essa criatividade teve um nome: María Arenas, uma designer de 24 anos que se identificou com Ocasio-Cortez e desenvolveu toda a linguagem visual da campanha.

Com cerca de 50% de hispânicos em seu distrito, Ocasio-Cortez rapidamente conquistou apoio e não teve dificuldades para derrotar Pappas. O resultado? 78% dos votos, mantendo a hegemonia democrata no 14º distrito de Nova Iorque.

María trabalhava na agência de publicidade Tandem em Nova Iorque, cujos proprietários frequentavam o bar onde Ocasio-Cortez trabalhava como garçonete. O local ficou famoso depois que Ocasio-Cortez venceu as primárias contra Crowley. Foi lá que os donos da Tandem foram contratados por Cortez. María ficou encarregada de criar toda a identidade visual da candidata.

Precisávamos de um cartaz que se destacasse, que fosse inspirador, que transmitisse urgência política e tivesse uma aura de empoderamento”, disse María em uma entrevista.

Outra mulher importante na vitória histórica de Ocasio-Cortez foi Naomi Burton, sócia da produtora Means of Production, responsável pela propaganda de Ocasio-Cortez. O vídeo viral intitulado “Courage to Change” (Coragem para Mudar) mostrava Cortez falando sobre ter nascido “em um lugar onde o CEP determina o destino” e realizando tarefas simples do cotidiano, como trocar um tênis por um salto alto no metrô antes de chegar ao trabalho.

Naomi Burton com Alexandria Ocasio-Cortez e Nick Hayes. À direita, Ocasio grava seu vídeo viral produzido pela dupla

Essa simplicidade na comunicação conectou seus eleitores às suas ideias. Foi um trabalho brilhante e que se tornou um exemplo notável no campo do marketing político.

E pra quem gosta de uma série, vale a pena conferir toda essa história. A série Virando o Jogo do Poder mostra os bastidores dessa campanha histórica. Imperdível.

Espero que tenham gostado. Até a próxima!

Referências: Site do jornal El País, site Opera Mundi, site da Folha de São Paulo e Wikipédia.

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